Última atualização: 01/02/2021 às 12:54:00
Embora a pandemia nos atinja de diversas formas, provocando diferentes manifestações de sofrimento, há uma queixa que quase todos os pacientes relatam. Conhecê-la e saber como tem sido enfrentada pode nos ajudar a viver melhor.
O aumento do estresse é, atualmente, a reclamação mais frequente em nossos consultórios. Por trás dessa queixa, sempre encontramos um forte incômodo com a interrupção do projeto de vida. Na pandemia, a incerteza em relação ao futuro é o que mais angustia.
Ter um projeto de vida é fundamental. Tanto é assim que, numa investigação publicada em 2019, no periódico Journal of American Medical Association (JAMA), pesquisadores americanos estudaram a associação entre propósito de vida e mortalidade, entre adultos estadunidenses com mais de 50 anos, e constataram benefícios para saúde física e mental e maior longevidade em pacientes com forte sentido de vida.
O caminho que vai do estresse à depressão, passando pela desesperança, é intensificado pelo vazio existencial. Mesmo assim, atualmente, temos atendido pessoas que não se sentem tão estressadas. Pode ser que simplesmente não estejam percebendo o estresse, mas também existe a possiblidade de estarem usando recursos que facilitam o enfrentamento.
Uma importante via de enfrentamento do estresse é a valorização da nossa memória individual e coletiva. Não é preciso lembrar grandes feitos, basta manter viva na mente a lembrança dos esforços e batalhas vividas com dignidade. Assim, em contato com a força de nosso passado, podemos recobrar a parcela de confiança indispensável para irmos em frente, apesar das incertezas.
Reservar tempo e energia para se dedicar a uma causa também é uma boa forma de lidar com o estresse, pois não é possível ser mentalmente saudável sem ir além de si mesmo. Para obtermos a tão almejada realização pessoal, precisamos esquecer um pouco de nós mesmos e superar o egocentrismo, por meio do serviço e amor ao outro.
Dedicar-se a uma causa que valoriza a nossa memória é justamente o que têm feito pessoas que, durante a pandemia, apoiam idosos carentes que vivem em instituições de longa permanência. Grande parte da receita dessas instituições vem de doações, do pagamento de mensalidades pelos próprios idosos ou familiares e da organização de bazares e eventos beneficentes.
Com a crise provocada pela pandemia, as doações diminuíram, os eventos beneficentes foram suspensos e o pagamento das mensalidades tornou-se mais difícil. Além disso, a pandemia também obrigou as instituições a restringirem ou abolirem visitas, eventos religiosos e eventos de entretenimento. Em consequência, a vida dos idosos institucionalizados tornou-se ainda mais restrita e solitária.
No estado de Pernambuco, diversas instituições oferecem oportunidades para quem deseja apoiar a população idosa carente com doações ou se fazendo presente na vida dos idosos, realizando trabalho voluntário. É o caso do Centro Geriátrico Padre Venâncio, da Casa dos Pobres São Francisco de Assis em Caruaru e do Abrigo Cristo Redentor.
Esses são apenas alguns exemplos. Muitos de vocês devem conhecer e até contribuir com várias outras instituições. Quem não conhece pode facilmente descobrir. Os idosos agradecem e a nossa saúde física e mental também.